Existe uma busca obstinada pela ereção em nosso contexto social. Estamos nos comportando como se a sustentação da ereção fosse a única forma pela qual o ser sexual daqueles que possuem pênis se manifesta e se apresenta. Tudo que seja diferente disso está errado.
Ora, isso inevitavelmente coloca uma pressão egóica enorme sobre o processo sexual, retirando autonomia do corpo e impondo estados de tensão, fruto das enormes expectativas em torno de desempenho. E tensão não combina com prazer. Excitação e ereção são experiências essencialmente parassimpáticas. Ou seja, não vai dar certo em estados de tensão, e a experiência sexual será cada vez mais frustrante e desafiadora, com resolutividade orgásmica de baixa qualidade e insatisfação geral.
A terapêutica tântrica e a massagem tântrica trabalham o corpo para que ele seja capaz de recuperar habilidades que são inatas, mas que foram atropeladas pelas confusões egóicas ao longo da nossa vida (interpretações, crenças, influência religiosa, influência parental, pornografia, traumas, culpa, vergonha, etc.).
Assim, através da terapêutica tântrica o corpo vai gradualmente resgatando o prazer expandido, que não está diretamente vinculado nem com a ereção nem com os reflexos ejaculatórios.
No entanto, há algo que precisa mudar na visão de mundo em torno da sexualidade. Se o corpo experimenta a recuperação da habilidade em desgenitalizar e expandir o prazer, mas a dimensão egóica continua alimentando o enfoque genital como instrumento de representação de papéis sociais, estaremos em um constante cabo de guerra, um constante estado de alerta e luta.
Como mudar esta visão de mundo? Será suficiente apenas pensar de forma diferente?
Na verdade, a melhor maneira de transformar códigos de conduta e padrões de comportamento é através da experiência. É fundamental experimentar em seu próprio corpo os efeitos incríveis da expansão sensorial e energética. Apenas pelo viés racional, cognitivo e interpretativo, a transformação não chegará até nossos corpos condicionados. Já o caminho inverso é extremamente poderoso, assim nos ensina o Tantra. A possibilidade de experimentar estados expandidos de prazer e de pulsação energética, que sejam dissociados de quem o outro representa e do que eu represento para o outro, é algo muito significativo e restaurador, capaz de produzir novas sinapses e modificar comportamentos.
O Tantra fala de um caminho, afinal, não há botão mágico que se aperte e o corpo é imediatamente restaurado ao estado original de fábrica, quando não haviam neuroses e repressões, quando não haviam atuado culpa e vergonha, quando fluíamos com espontaneidade e alegria pelas expressões corporais. Até que veio a primeira infância em uma sociedade patriarcal e pronto, passamos a nos desconectar do corpo, passamos a estranhá-lo e a tratá-lo como uma parte de nós que precisa ser controlada.
Para corrigir as angústias com a ereção e com o controle ejaculatório, pelo viés da medicina ocidental irão nos sugerir remédios ou procedimentos que interfiram mais uma vez na sabedoria do corpo, com a intenção de nos dizer: "vamos consertar o que está estragado". Uma intervenção cirúrgica no frênulo, uma pilula azul, um anti-depressivo, e por aí vai.
Esta é a visão do "corpo como o problema" mais uma vez prevalecendo.
No Tantra entendemos que o corpo é a solução. Para isso, é preciso destravar os mecanismos auto-reguladores, é preciso liberar os principais bloqueios ao fluxo da energia. Precisamos olhar cuidadosamente para o que está tenso, o que está rígido, e levar vida até lá.
Essa é a experiência do Tantra! Levar a vida de volta àquelas partes de nós que foram vítimas do modelo social vigente.
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