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Disfunção Ejaculatória Prematura - parte 1

  • Foto do escritor: Shantideva
    Shantideva
  • 28 de abr.
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 7 horas

Dificuldades no tempo da ejaculação são mais comuns do que você imagina — e podem ser transformadas com consciência, presença e prática.


Mas este é um assunto em que ainda predominam os tabus e preconceitos, e as razões para isso tem a ver com a cultura e a construção da masculinidade, a vergonha corporal e, principalmente, desinformação.


Em nossa cultura, a identidade masculina acabou sendo fortemente associada ao desempenho sexual: ser "potente", "ser aquele que dá prazer" ou "ser resistente" na cama é visto como um sinal de força e sucesso pessoal. Dentro desse modelo cultural, a ejaculação rápida é percebida como fracasso ou como falta de controle, o que atinge diretamente a autoestima do homem e a sua imagem social.


Isso cria um padrão irreal de expectativa, além de ser algo bastante anti-natural. Ao definir que o homem deve ser sempre capaz de manter o desejo, a ereção e o orgasmo sob controle, nossa cultura está indo contra a realidade humana (por mais que muitos homens resistam a essa constatação).


A maioria das pessoas não recebe educação sexual adequada sobre prazer, resposta sexual e toda a variabilidade presente no corpo humano. A pornografia, que acaba sendo a principal fonte de informação para muitos de nós, reforça padrões irreais de duração da relação e controle ejaculatório, onde atores treinados parecem durar "infinitamente" — criando ansiedade de desempenho. Outro fator importante é que a educação sexual não é focada no prazer consciente, mas sim na prevenção de gravidez e de doenças e na assunção de papeis sociais (“homem deve dar prazer”). Assim, “não ter controle ejaculatório” parece ser a coisa "errada", e não como parte da diversidade de experiências sexuais possíveis.


O tabu sobre a ejaculação precoce é, em essência, o medo de se mostrar vulnerável em uma cultura que cobra dos homens a perfeição no desempenho sexual, sem oferecer espaço para a escuta do corpo, para o autoconhecimento e para a vivência natural do prazer.


A indústria da medicina convencional aborda a ejaculação precoce principalmente a partir de uma perspectiva farmacológica, tentando oferecer soluções rápidas ou padronizadas. De modo geral é adotada uma abordagem que olha para o controle ejaculatório como um “defeito a ser corrigido rapidamente”, oferecendo remédios que tentam tratar o sintoma, mas que não oferecem soluções que envolvam o corpo e as emoções, e geralmente com vários e importantes efeitos colaterais.


 A principal frente da medicina convencional é o uso de fármacos para modular a resposta ejaculadora, com o uso de antidepressivos, muitas vezes em dosagem baixa. No entanto, não é informado aos pacientes que esses fármacos podem gerar efeitos colaterais como redução do desejo sexual, disfunções eréteis, náuseas, sonolência e embotamento emocional.


Há médicos que indicam o uso de sprays contendo anestésicos locais (lidocaína, prilocaína), que são aplicados no pênis antes da relação, para reduzir a sensibilidade e atrasar a ejaculação. Ocorre que eles podem causar perda de sensibilidade excessiva e reduzir o prazer tanto para o homem como para as outras pessoas com quem ele se relaciona sexualmente.


A busca por soluções rápidas reforça a cultura do desempenho e não incentiva a exploração do corpo, da sensibilidade e da consciência como vias de transformação real e sustentável.


Terapias somáticas, tais como a educação sexual somática, o tantra e o Pulsation, oferecem abordagens mais integrativas, que tratam a raiz do problema — mas ainda são menos difundidas em nossa cultura como recursos de transformação. Ainda predomina a desinformação e a apologia médica de “conserto dos defeitos da máquina”, o que reforça casos de frustração e insegurança quanto às condições da resposta sexual dos homens.


No próximo artigo iremos abordar as possibilidades que esses percursos terapêuticos oferecem, considerando aquilo que é oferecido na Kaya Terapias em Belo Horizonte.


Texto escrito por Osmar Shantideva




 
 
 

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